Uma coisa agora é certa, desde agora até o nunca: caminhar a
passos largos, numa escada de prata, parece criação de um gênio esquecido e
sufocado – aquele que, por não ter mais amigos nem outra opção, decidiu
perseguir quem tivesse, menos que ele, e quisesse uma boa companhia ao fim
dessa noite tão lânguida, tão sóbria.
Mas que gênio é esse que nenhuma canção compõe nenhum livro
escreve? Um gênio assim tão distante, tão lúcido, deve estar pensando o que
fazer em dias falsos e frios, quando estiver catando coquinho na praia, à
tarde, em Itapuã.
‘Ora mas não era o que fizera um outro gênio no passado?’,
ele se perguntava ao parar de seguir pensando em fazer o que faria, caso não
tivesse consciência de que nem respaldo, ou tato, tinha sobre o “mel da
sociedade”: a projeção atônita da voz ao ver-se no espelho em reflexo de um
outro.
Nós nos cercamos de espelhos mas não conseguimos ver por
trás deles, onde moram câmeras esperando o acontecer e, quando nada acontece,
algo acontece por dentro, existe uma câmera em cada saída, cada escapada da
mente.
´Então, vamos lá´, ele respira e espera por uma sua reação
nova.
´Mas não há gênio que é gênio que apenas reproduza a melhor
maneira alheia de viver da vida!´, exclama incontente e - o pior de tudo – in-com-tes-te:
pois no quesito “julgamento”, ele é o juiz de si próprio, e quando necessário
também o juri, e o réu.
Um riso, uma agonia, um ´agora! Ah!´, ele grita, mas
permanece distante o “um amor de Swann” e, de todos os lagos, o lago dos cisnes
alados parece o mais adequado para um gênio tão triste, tão retardado.
E tudo isso parece que se passou num amortecido pisa pisa de pernas, e pés, nos degraus de uma escada qualquer...