quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

um gênio distante numa escada qualquer


Uma coisa agora é certa, desde agora até o nunca: caminhar a passos largos, numa escada de prata, parece criação de um gênio esquecido e sufocado – aquele que, por não ter mais amigos nem outra opção, decidiu perseguir quem tivesse, menos que ele, e quisesse uma boa companhia ao fim dessa noite tão lânguida, tão sóbria.

Mas que gênio é esse que nenhuma canção compõe nenhum livro escreve? Um gênio assim tão distante, tão lúcido, deve estar pensando o que fazer em dias falsos e frios, quando estiver catando coquinho na praia, à tarde, em Itapuã.

‘Ora mas não era o que fizera um outro gênio no passado?’, ele se perguntava ao parar de seguir pensando em fazer o que faria, caso não tivesse consciência de que nem respaldo, ou tato, tinha sobre o “mel da sociedade”: a projeção atônita da voz ao ver-se no espelho em reflexo de um outro.

Nós nos cercamos de espelhos mas não conseguimos ver por trás deles, onde moram câmeras esperando o acontecer e, quando nada acontece, algo acontece por dentro, existe uma câmera em cada saída, cada escapada da mente.

´Então, vamos lá´, ele respira e espera por uma sua reação nova.

´Mas não há gênio que é gênio que apenas reproduza a melhor maneira alheia de viver da vida!´, exclama incontente e - o pior de tudo – in-com-tes-te: pois no quesito “julgamento”, ele é o juiz de si próprio, e quando necessário também o juri, e o réu.

Um riso, uma agonia, um ´agora! Ah!´, ele grita, mas permanece distante o “um amor de Swann” e, de todos os lagos, o lago dos cisnes alados parece o mais adequado para um gênio tão triste, tão retardado.

E tudo isso parece que se passou num amortecido pisa pisa de pernas, e pés, nos degraus de uma escada qualquer...

Um comentário:

boizin disse...

muito bom!